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Semana da água: Semiárido, lugar bom de viver!

fotoivo400“Eu ouvi e vi a lama e a miséria do meu povo, por isso, desci para libertá-los do Egito das mãos do poder do Faraó opressor a levar para uma terra onde corre leite e mel” (Êxodos, cap. 3, vs 7 a 10))

Sim, o semiárido pode, e em algumas partes já é, essa terra onde corre leite, mel e, principalmente, água. A Cáritas Brasileira caminha junto, todos os dias, junto com milhares de homens e mulheres, sertanejos e sertanejas, que acreditam e constroem a convivência com o semiárido.

Desse trabalho cooperativo e solidário, surge um novo modo de viver (e conviver) com a natureza em uma região, que possui características hídricas adversas; de enfrentar com força e luta as constantes intempéries da vida e de construir com muito trabalho e participação uma pequena parte de um novo mundo que caminha em Romaria ao Reino de Deus.

Viver na região semiárida significa conviver com a irregularidade de chuvas e não propriamente com a falta delas. Essa irregularidade vai desde as fortes chuvas em tempos normais, na estação chuvosa até as grandes secas. É por isso que no semiárido a luta pela água é a luta pela vida, constituindo-se como uma questão essencial de cidadania e liberdade.

Mas e o que é mesmo esse semiárido? No cenário brasileiro, o semiárido tem sua singularidade expressa em características ambientais e sociais que o torna especifico. É o único no mundo com o bioma genuinamente brasileiro: a caatinga. Suas particularidades estão na biodiversidade ecológica, na distribuição irregular da pluviosidade no tempo e no espaço, é o mais povoado do mundo representando 46% da população do Nordeste brasileiro e compreende 1.133 municípios. Na região vivem cerca de 22 milhões de pessoas. É marcado historicamente pela complexidade social originária do processo de colonização e pelo desafio do desenvolvimento marcado pela situação de miséria e pobreza da maioria da população, especialmente aquelas que vivem nos espaços rurais.

Ao longo do tempo foi sendo construída uma imagem do semiárido marcada pelo atraso econômico de uma região assolada por secas, retirantes e dominadas por coronéis. Porém, vem ganhando espaço e importância uma outra concepção de sustentabilidade que traz consigo um conjunto de alternativas de convivência com o semiárido. Nos últimos anos novas tecnologias produtivas foram experimentadas na região, abrindo possibilidades de desenvolvimento sustentável. É de acordo com essa perspectiva que a Cáritas nacionalmente tem orientado as suas ações priorizando as alternativas apropriadas de convivência com o semiárido.

Não é de hoje que a Cáritas atua na perspectiva da convivência com o semiárido para que a população pobre que reside neste território não tenha sua condição de vida agravada nos períodos prolongados de estiagem, reforçando um cenário de enormes contradições e injustiças sociais. Ao longo de sua história, a Cáritas está presente nessa realidade por meio de diversas formas de atuação. De acordo com Luiz Cláudio Mandela, da Cáritas Brasileira, “a Cáritas vem consolidando nos últimos 14 anos uma estratégia de atuação na região, que tem como elemento central, a visão de que o Semiárido é uma região com particularidades climáticas que determinam a sua organização social, econômica e política”.

A convivência com o semiárido não se restringe aos aspectos hídricos e produtivos. Atualmente, na região, a Cáritas vem atuando com projetos e programas que têm como foco a sustentabilidade da região. Com isso tomam vulto iniciativas de produção agroecológica, Economia Popular Solidária na comercialização da produção, Educação Contextualizada.

Para Neilda Pereira, secretária executiva da Cáritas Diocesana de Pesqueira (PE) e coordenadora executiva da Articulação do Semiárido Pernambucano, o importante é celebrar a Semana da Água junto com as comunidades. “Celebrar junto a você é uma obrigação, pois vocês sabem o valor e a importância da água. E nós, como Cáritas, devemos estar nas cidades que possuem esse trabalho se preocupando e olhando para a água como elemento fundamental e essencial para as nossas vidas”.

A Rede Cáritas em suas instâncias diocesanas e regionais compõe a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA BRASIL), uma rede que congrega cerca de três mil organizações e que atua na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida. A missão da articulação é fortalecer a sociedade civil na construção de processos participativos para o desenvolvimento sustentável e a convivência com o Semiárido referenciados em valores culturais e de justiça social. A Rede Cáritas participou ativamente na construção da ASA, desde seu início.

Por Monyse Ravena, Assessora de Comunicação da Cáritas Brasileira Regional Ceará/ Fotos: Ivo Sousa

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