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Arquidiocese de
Fortaleza

Venerável Dom Antônio de Almeida Lustosa, SDB

Dom Antonio de Almeida Lustosa nasceu na cidade de São João del Rei, Estado de Minas Gerais, no Brasil, no di 11 de fevereiro de 1886. O então Superior Geral dos Salesianos – Pe. Ricceri – escrevia em sua Carta Mortuária;

“11 de fevereiro, aniversário da primeira aparição da Imaculada em Lourdes. Essa circunstância marcou-o profundamente, dispondo-o a uma devoção filial a Nossa Senhora… tornando-o conhecido como “o poeta da Virgem Maria” que justamente na Vigília da Assunção viria levá-lo para o Céu”.

Salesiano, ordenado Sacerdote a 28 de janeiro de 1912, nomeado Bispo de Uberaba – Minas Gerais – e sagrado a 11 de fevereiro de 1925.

Escreve ele em sua primeira Carta Pastoral: “Tenho grande receio da responsabilidade do cargo, mas tenho maior receio de me furtar ao cargo. Nisto, como em tudo mais, a vontade de Deus é o conforto e o descanso. Desde que Ele quer, também eu devo querer”.

Em 1928 é transferido para Corumbá – Mato Grosso – e em 1931, Arcebispo de Belém, no Pará.

Em 05 de novembro de 1941, toma posse como Arcebispo de Fortaleza – Ceará. Escrevia ele na Carta Pastoral de saudação ao povo da Arquidiocese: “Nenhuma apreciação quero fazer das razões que levaram a Santa Sé a agir desta maneira. Basta-nos este pensamento: a vontade da Igreja é a vontade de Deus”.

Em todos os lugares por onde passou, e onde atuou, seu nome e sua lembrança são recordados com respeito e veneração. A memória que dele tem, é a de um homem de Deus, verdadeiro modelo de virtude e santidade.

Cada pessoa que a ele se refere é com uma palavra de elogio: homem de Deus, modelo de virtudes, modelo de piedade.

Falecido a 14 de agosto de 1974, 11 anos após sua renúncia e residindo em Carpina, diocese de Nazaré, Pernambuco, seu corpo veio para ser sepultado em Fortaleza.

Seu sepultamento foi uma verdadeira consagração popular, apesar de tanto tempo longe do convívio dos fortalezenses.

Até o Santo Padre, o Papa São João Paulo II, falando aos Bispos do Brasil, na cidade de Fortaleza, a l0 de julho de 1980, reconheceu as virtudes de Dom Antônio de Almeida Lustosa.

Assim se expressou Sua Santidade:                                                                                                                 

“Como não evocar aqui em Fortaleza, a figura admirável de Dom Antônio de Almeida Lustosa que repousa nesta Catedral e que deixou nesta Diocese imagem luminosa de um sábio e de um santo”.

Da complementação da Pesquisa Histórica:

A Comissão pela Causa de Beatificação e Canonização de Dom Antônio de Almeida Lustosa tem a missão de animar e reunir memórias do Venerável. Quando houve a necessidade de se completar a pesquisa histórica, para a continuidade do Processo, a Comissão foi a Uberaba-MG e Corumbá-MS. Naquela ocasião duas memórias de Dom Lustosa viram-se que são muito vivas: A afirmação- era um homem bom: as pessoas trazem, nesse curso de quase cem anos, a memória de que o Venerável foi um homem bom. Isso, parece indicar que as pessoas queiram dizer: um homem santo. A memória que receberam é de sua paciência, seu empenho administrativo e zelo pelas vocações, mas, sobretudo, pela piedade e vida penitencial. A ascese com que vivia seu pastoreio encantava as pessoas e em quase um século, essa memória permanece, memória de santidade.

Uma carta Pastoral em Belém do Pará registra uma das dimensões do episcopado do Venerável: cuidar da pessoa integralmente. Escreve ele na Carta Pastoral de 1935, “Em prol da saúde corporal e espiritual dos nossos Diocesanos do interior”:

“Pode parecer-vos, amados Irmãos e Filhos, o seu tanto estranho o assunto desta singela Carta Pastoral – higiene rural. Que ligação há entre essa questão e o nosso múnus pastoral? Duas as relações de interesse que nos levam a tratar do assunto. Primeiramente a caridade, depois o desejo de tornar mais eficiente o trabalho paroquial.

A CARIDADE. Somente quem percorreu o interior desta nossa Arquidiocese pôde calcular quanto sofre o homem habitante das nossas ilhas sem número, das margens dessa rede de rios e igarapés que não se contam. Sangra-nos o coração ao vermos o estado de miséria fisiológica desses organismos combalidos pelo impaludismo, intoxicados pela verminose. E pôde-se ver esse homem em tanta penúria e passar além sem nada fazer para ajudá-lo a libertar-se dos males que o afligem? Quantas crianças nos confrangeram o coração com seu aspecto mórbido, angustioso? A morte prematura ou uma existência e dores – únicas perspectivas possíveis – logo ao limiar da vida?”

O que encontramos nesse breve trecho da carta é o coração de um Pastor repleto de compaixão e misericórdia. Esse coração se contorce com o sofrimento do irmão, tal qual o Coração de Cristo, em tantas cenas reportadas nos evangelhos (Cf. Lc 10,25-37; 7,11-17).  Continua do Venerável na citada Carta Pastoral:

“A MAIOR EFICIÊNCIA DO TRABALHO PAROQUIAL. O homem cuja energia física se lhe quebrantou aos golpes da enfermidade, sente muitas vezes também a alma desfibrada.

As febres palúdicas então parecem dotadas de particular eficácia no abater o ânimo de suas vítimas. O impaludado se sente vencido completamente quanto a febre o acomete. Sua energia em colapso, seus planos ruem, seus ideais se desvanecem. Esses efeitos podem ser comuns a todas ou quase todas as enfermidades; mas variam muito de intensidade. Os impaludados, repitamos, são dos mais prejudicados no alento moral – dom precioso nas lutas da vida.

A vida de fé que os trabalhos paroquiais visam conservar e desenvolver está a exigir do católico, continuamente, esforço e entusiasmo. São todos frutos da vitória os progressos na virtude. Tire-se a um homem a força de vontade e ele não poderá ser um bom católico. A Sagrada Escritura sempre nos fala na necessidade do esforço para as conquistas espirituais. Objetar-se-á que homens muito débeis são por vezes ótimos católicos. E´ verdade, como verdade é que, por vezes, organismos doentios servem a espíritos robustíssimos. Esses, porém não são casos comuns. A virtude pode suprir tudo, inclusive a energia corporal. Não se pode negar, porém, que a saúde predispões o homem para o trabalho e o trabalho favorece muito mais que a inação, à vida espiritual. Não se pode negar tampouco que a saúde facilita o cumprimento dos deveres do bom católico a quem, frequentes vezes, a enfermidade priva da observância de muitos preceitos.”

Neste segundo trecho citado, o que encontramos é a sobriedade de um Pastor, ao considerar a saúde física como um bem para o exercício da virtude. Ao ver isso, tocamos quão serena é a espiritualidade do Venerável, por não vê, de maneira imediatamente consequente, virtude no sofrimento por enfermidade, ainda que considere que possa existir, antes, o que ele vê, é uma debilidade para vida da fé, ao mesmo de modo mais comum, por isso, cuidar da saúde é cuidar da vida da fé.

Diante desses dois trechos podemos concordar que Dom Lustosa foi um homem à frente de seu tempo, e constatar a sua sabedoria e santidade, tal como evocou São João Paulo II: Santo e Sábio.

Bem Aventurados os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos:

Em carta Pastoral sobre a seca e a fome, em 1º de maio de 1942, depois também no livro Terra Martirizada, enquanto Arcebispo de Fortaleza, o Venerável assume a dor dos sertanejos. A fome a sede que passam, ele descreve com tamanha empatia, que parecia ele mesmo passar esse flagelo. A compaixão o marcou profundamente e realizou inúmeras ações para amenizar o sofrimento dos flagelados. Vejamos um breve trecho de sua descrição da tragédia da fome; um texto repleto de compaixão:

“Casos reais – Desilusão – Alimentos selvagens –

Água e sal – Consequências da fome – Mortalidade –

Alimentação detestável – Consequências orgânicas.

Pode parecer que carregamos a mão em demasia, na pintura dos quadros de miséria dos «flagelados».

Não; ficámos ainda aquém da realidade. No ano de 1942 e princípio de 1943 a fome entrou de roldão em numerosas casas. Tudo se esgotou. No fogão não se acendia mais o fogo por não haver coisa alguma a cozinhar. A caridade pública foi grande, mas a extensão da miséria era imensa. A mata sem vida, o campo seco, sem uma fruta, sem uma folha comestível. Nas armadilhas como o «fojo» e o «quixó» não se apanhava mais nada. Começou-se então a enganar o estômago por meio de alimentos selvagens. Com trabalho conseguiram extrair a medula do xique-xique – cacto eriçado de espinhos. Ainda esse alimento é tragável mas é tão pouco!

Algumas vezes as pobres mães dão às crianças água quente com sal – é o caldo ilusório.

Encontram-se pessoas de tal modo debilitadas pela falta de alimento que o estômago se lhes atrofiou: não podem mais digerir. Se estas pessoas fizerem uma refeição normal podem ter morte imediata. Devem recomeçar, como crianças pequeninas, com alimento diminuto e gradativamente dosado.”

Em Fortaleza, com o fervoroso empenho do Venerável, criaram-se muitas iniciativas para diminuir a dor dos flagelados, associando-se a esses esforços o próprio empenho do Arcebispo, que não hesitou em pedir esmolas em prol dos famintos e apoiar tantas quantas iniciativas da Igreja e da sociedade civil:

“Só em Fortaleza – as Conferências de São Vicente são quase cinquenta; as numerosas Mães Cristãs, as diferentes obras das Irmãs de Caridade constituem uma cruzada perene de caridade. Há outras organizações religiosas umas, civis outras, em favor também da pobreza. A caridade individual também concorre para amparar os deserdados da sorte.

Essa rede de corações generosos se espalha por todo o Estado. E só assim se compreende a salvação de grande parte ainda da imensa massa flagelada.

Caso alguma dessas missivas não tenha chegado ao destinatário, saibam quantos nos auxiliaram nesta campanha de socorro aos flagelados, que, diante de Deus, já nos empenhamos para lhes ser copiosa a recompensa que os espera.

Se algum dia a calamidade vier novamente lançar na miséria nossos diocesanos, iremos, ainda como pedinte, bater de porta em porta, e estender a mão à caridade.

Mas a quantos nos socorreram queremos declarar que só pedimos a esmola, fora de nossa Arquidiocese quando vimos a fome, a mais negra miséria campear soberana sobre a ruína de um povo imenso.”

Como está a Causa:

A Causa do Venerável Dom Antônio de Almeida Lustosa se encontra na fase de aguarde pelo reconhecimento de um milagre. Uma vez havendo o relato de milagre, a Comissão, por meio da Postulação apresentará à Congregação da Causa dos Santos para ser avaliado e tendo reconhecimento, o Venerável será elevado a Beato. Por isso, é importante que as famílias rezem, as comunidades rezem e cada pessoa de fé eleve a Deus orações pedindo a intercessão do Venerável e logo que obtenha a graça, envie para a Comissão ou para a Arquidiocese e mesmo para os Salesianos, para assim ser feito o encaminhamento à Causa dos Santos. Recordando que em caso de relato de graça como cura na saúde, requer o laudo clínico da pessoa que recebeu a graça.

Oração pela Causa:

Dignai-vos, Senhor, aceitar a caminhada do nosso irmão Dom Antônio de Almeida Lustosa rumo ao altar. Ele, que em vida soube ser servo fiel, imolando-se no pastoreio das almas, ensina-nos hoje admiráveis exemplos de virtudes cristãs praticadas com tanto zelo sacerdotal. Concedei, Senhor nosso Pai, a graça (pausa para pedir a graça…) que por intercessão vos pedimos. Amém!

Pai Nosso… Ave Maria… Glória ao Pai…

Fonte: Comissão de Canonização e beatificação de Dom Antônio de Almeida Lustosa.

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