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[Artigo] O ATEÍSMO É EVOLUÇÃO?

Conheço alguns ateus, que inclusive já participaram de alguma atividade formativa comigo, interessante! Outro dia estive conversando com um conhecido que se declara ateu, uma coisa me chamou a atenção quando ele construiu o argumento para sustentar o seu ateísmo: “eu não sinto Deus, há um vazio, eu não sinto nada”. Desde aí tenho refletido isto que foi dito, sabendo eu que não sou o primeiro a pensar ou a dizer isto, mas fiquei inquieto, o que me levou a uma hipótese: o ateísmo antes de uma questão racional, é uma questão de sentimento, está não na ordem da razão, mas na ordem dos sentidos. Pe_Abimael

Em “Deus um delírio”, best-seller de Richard Dawkins, apesar de sua aposta em se opor a Deus por meio do argumento dawinista, o que se revela mesmo é um homem apaixonado, que vibra ao tentar desmontar as provas da existência de Deus em Tomás de Aquino. O que se vê não é um racionalista, mas um não-sentir, uma ausência de percepção, de modo que se torna algo não-religioso, contudo, com grandes elementos do fundamentalismo religioso.

Passada essa memória da leitura de Dawkins, vale retomar o tema da sensibilidade. A Idade Moderna com o seu empirismo levou ao ápice o conceito de experimentação, em especial aquelas que estão sujeitas às ciência exatas. E exatamente isto, a experimentação é algo dos sentidos, não impõem-se pela razão, mas pela percepção dos sentidos, assim, a mais elementar e fundante sustentação do ateísmo está nesta ordem, a ordem dos sentidos: “não se pode crer em algo que não se possa provar”. Este é o chavão clássico do ateísmo; ele apela inteiramente ao sentido, e aqui o sentido não se resume ao meramente material, mas também à ordem do que se sente na mente e no corpo.
Esse sentir é como sentir desejo de encontrar alguém, é o sentir a vontade de fazer algo, comer algo. Esse sentir é imaterial, mas chega a nós numa propriedade que é singular a cada um; é um sentir que desnuda algo em nós. O sentir nessa ordem é mais que racional, ele é sentido, percepção, relação. Porque gosto de estar com tal pessoa, porque aprecio tal ambiente, essas coisas ultrapassam os parâmetros de nossa razão e chegamos à gratuidade de simplesmente sentir, gostar, curtir.
A fé passa exatemente por isto, pela pura gratuidade de sentir, gostar, curtir esse relacionamento; a fé possibilita uma relação, e como toda boa relação, ela tem bases racionais, mas o que importa mesmo é sentir. O sentir a presença, sentir o amparo, a amizade de Deus é simplesmente sentir. É lógico que a Teologia e a Filosofia da Religião vão gastar tinta para explicitar o fenômeno religioso, porém, ao que crê, o essencial é sentir; e por sua vez, ao que não crê, o essencial é não sentir, pelo que gastarão tinta para provar, defender religiosamente que Deus não existe, unicamente porque eles não sentem. É como se uma pessoa nunca tivesse amando alguém, e quando outro chega dizendo-lhe que ama, é difícil explicar ou justificar o que seja amar, porque o amor não é uma fórmula científica manipulável, ele é um sentimento, assim é Deus, é a fé, está na ordem das relações, do sentir, do não-manipulável.
Santo Agostinho compreendia que a fé é um dom, isso implica dizer que como dom, presente da Graça de Deus, nem todos a possuem, segundo Agostinho. De modo que a alegria da fé seja mais que uma conquista humana; ela é uma graça, no entanto, mesmo assim, o que fica mais evidente é essa graça como relacionamento, alguns podem tê-la, mas quererem se privar desse relacionamento, por razão múltiplas, inclusive por não sentirem essa presença, essa amizade com Deus.
Portanto, a hipótese do ateísmo como algo da ordem dos sentidos firma-se como sustentável, pois o não sentir Deus, o não sentir esse relacionamento é a matriz da negação e mais que isso, é o fundamento do ateísmo militante, pretensamente formado por pessoas evoluídas, mas simplesmente formado por pessoas que não sentem Deus.
Abimael Nascimento

Uma resposta

  1. Mesmo em uma racionalidade científica, técnica, terrena, um observador não pode deixar de notar algo diferente em sua volta, são muitos fatos coincidentes que não podem ser explicados, com matemática ou teorias racionais, onde os técnicos em racionalidade introduzem em seu raciocínio as

    "variáveis".

    As "variáveis" não são previsíveis….. ou chamamos de coincidência de fatos…..já que somos tão racionais e temos explicações para tudo em nossa volta, como não podemos explicar com exatidão tudo em nossa volta…

    Na verdade a racionalidade ou a explicação científica, também não é racional ou não tem explicação, apenas deduzem, ou acreditam que foi assim….

    Tentam explicar o inicio do universo ou mesmo o sistema solar:

    " UMA GRANDE EXPLOSÃO, ONDE TUDO SE DEUS

    Fico imaginando todas as coincidência de fatos, concentração de gases, encontro de energia, enfim tudo no momento exato no lugar certo, apenas por \\\"variáveis\\\" ou \\\"coincidência de fatos\\\", também e bem complicado de entender…..

    A grande verdade que algo acontece, mas só podemos crer que uma força bem superior a tudo é existente, e que as \\\"variáveis\\\" ou \\\"coincidência de fatos\\\" na verdade é o que a fé move e sustenta, ou seja a fé é racional.

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