Maria, “obra-prima” da beleza divina - Arquidiocese de Fortaleza
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Maria, “obra-prima” da beleza divina

Na vivência da espiritualidade pascal, estamos no mês de maio, “mês mariano”, somos convidados a voltar o olhar contemplativo para a Maria, mãe de Jesus e nossa. Presença ativa na vida da Igreja, peregrina e nossa companheira de caminhada. Maria é aquela que pode nos mostrar Jesus, pois ele é o bendito fruto de seu ventre (Lc 1,42).

Com grande desvelo, Deus cria o universo nos dando tudo o que é bom, belo, perfeito, e o ápice da sua criação foi o homem e a mulher, pois os fez “à Sua imagem e semelhança”. São eles os destinatários, e cuidadores das maravilhas da criação de Deus, o ser humano, o único capaz de conhecer e de amar o seu Criador. “Tudo o que Deus cria é belo e bom, repleto de sabedoria e de amor; o gesto criador de Deus traz ordem, incute harmonia e confere beleza” (Bento XVI). Na tônica das excelências da criação ela ganha um espaço privilegiado na existência da Virgem Maria. Deus a amou tanto que fez por ela tudo o que podia fazer de grande e maravilhoso. Nela há um encontro da divindade e da humanidade, o convite divino e a resposta humano ao renascimento e restauração da humanidade, ora caída pelo pecado e por sei distanciamento dos planos do Criador. Em Maria, Deus encontra pleno acolhimento às promessas da Antiga Aliança. Ela é a “bem-aventurada” porque “acreditou” (Lc 1, 45), porque se entregou totalmente nas mãos de Deus, com amor, com fé, com esperança.

O seu “sim” doado a Deus foi de modo sobrenatural e plenamente humano, de modo sobrenatural porque escolhida para ser a Mãe do Verbo de Deus, Cristo Jesus. Plenamente humano porque “ela respondeu, pois, com todo o seu “eu” humano e feminino”. Neste seu consenso “estava contida uma cooperação perfeita com a ajuda da graça divina e uma disponibilidade perfeita à ação do Espírito Santo”. (Carta Encíclica Mãe do Redentor. 1988 n.13).

Maria “é prova do quanto Deus foi longe, na história da salvação, em termos de generosidade, delicadeza e engenho” (Clodovis, 2004, p. 22). Em Maria a graça foi “superabundante” (Rm 5,20). É realmente, depois de Cristo, a “obra-prima” da criação de Deus. A criação encontra sua razão de ser na Trindade, em que Deus se revela à sua criatura “Eu sou aquele que sou” (Ex 3,14), Deus é amor (1 João 4,8.16).  Deus é amor por essência. Deus é eterno amor. Deus é o Sumo Bem e o Bem por sua natureza tende a expandir-se, portanto, Deus cria o universo para fazê-lo participante do seu amor, e o universo é a manifestação do amor divino.

Escreve poeticamente Efrém, o Sírio: “Como os próprios corpos pecaram e morrem e a terra, sua mãe, é maldita (Gn3, 17-19), assim por causa deste corpo que é a Igreja incorruptível, lá sua terra é abençoada desde o inicio. Esta terra é o corpo de Maria, templo no qual foi lançada uma semente”, (Diastessarom 4,15: SG. 121,102). Portanto, Maria é o lugar mais bonito da criação, é a terra abençoada. Quis, pois Deus que a encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser a Mãe de seu Filho. Em Maria, o Espírito Santo encontra morada e com a sua correspondência à graça, com o seu sim ao anúncio do anjo, a vida trinitária entra na sua alma, no seu coração e no seu seio, “Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1,38). Cristo e a Igreja foram formados pela terra que é Maria.

Justino no séc. II, em seu dialogo com o Judeu Trifão, aplica o Sl 21 a Cristo, afirmando que Ele é Filho de Deus antes de toda a criação, e que “se é por intermédio de uma virgem que Ele se fez homem foi no desejo de que, pela mesma via em que a desobediência, oriunda da serpente, teve o seu principio, encontre igualmente a solução. Com efeito, Eva, sendo virgem e incorrupta, deu luz à desobediência e à morte pela palavra saída de sua boca da serpente. Maria, a Virgem, ao contrário, concebeu fé e alegria, no momento em que o anjo Gabriel lhe deu a boa notícia de que o Espírito do Senhor viria sobre ela e o poder do Altíssimo a cobriria com sua sombra, de modo que o Santo, que seria dado à luz por ela, seria o Filho de Deus”.

Cristo é o revelador do rosto do Pai, é o único mediador entre Deus e o homem. Maria é a filha predileta do Pai e em consideração pelos méritos de Cristo Jesus, ela foi redimida e preservada de modo mais sublime e singular que toda a criatura humana. Maria está estreitamente unida a Cristo com um vínculo indissolúvel, por sua dignidade de ser a Mãe do Filho de Deus, por sua íntima participação nos mistérios salvíficos de Cristo. A relação de Maria com a Trindade chega a ser princípio e modelo da relação de cada homem com Deus. Maria é, pois o modelo e referência para toda a Igreja. Ponto de referência para uma vida evangélica, de esforço ao querer de Deus, peregrina na fé, discípula fiel e de obediência constante.

A verdadeira devoção a Maria não consiste em um sentimentalismo estéril e transitório, antes, almeja-se que procede da fé autêntica, que nos induz a reconhecer a excelência da Mãe de Deus, que nos impulsiona a um amor filial para com nossa Mãe e à imitação de suas virtudes. O Papa Paulo VI afirma: “Se quisermos ser cristãos, devemos ser marianos”. Quer dizer que por Maria nos é aberto o caminho que conduz a Cristo Jesus. Esse caminho é o itinerário da beleza de um ‘sim’ que muda o curso da história.

Irmã Maria Cecília, OIC
Mosteiro da Imaculada Conceição e São José de Fortaleza-CE

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