
Os dois personagens Elias e Moisés, que apareceram com Jesus eram figuras destacadas do Antigo Testamento. O primeiro era o grande profeta que todos julgavam não ter morrido por ter sido arrebatado ao céu (2Rs 2,11-12), era visto como o pai do profetismo. O outro Moisés era considerado como o patrono da Torá, da Lei. As três tendas que Pedro quer construir têm um sentido simbólico importante. Em Israel celebrava-se em todo final de ano, como encerramento das colheitas, uma grande festa que se prolongava por uma semana e que era conhecido como a “festa das tendas”. Ao pedir para edificar três tendas Pedro refere-se exatamente a esse sentido simbólico das tendas. A nuvem e a sombra são imagens no Antigo Testamento para sinalizar a presença de Deus. Vinda da nuvem, a voz de Deus designa Jesus como o “Filho de Deus” e que podemos confiar no que Ele diz, “Escutai o que Ele diz” (Mc 9, 7).
O mais importante de tudo é o testemunho do Pai afirmando que Jesus é uma pessoa em que podemos crer. É preciso escutar Jesus, pois sua mensagem descortina o mistério de Deus; é preciso escutar o Senhor, pois só Ele tem “palavras da vida eterna”. A transfiguração de Jesus nos ajuda a compreender que aquele que vai sofrer a paixão e ser glorificado é o Filho de Deus que se encarnou para a nossa salvação. O que sustenta nossa vocação cristã, o que sustenta nossa fé é a graça da ressurreição do Senhor. O sofrimento e a morte não são a última palavra. O Senhor, ressuscitado dos mortos, venceu o mal e a morte: glorioso, nos faz participantes de sua vitória. “Nossa vocação é para sermos também transfigurados em Cristo. Nosso rosto deve refletir a luz de Cristo e, ver nos rostos dos irmãos, principalmente os mais pobres, o rosto de Cristo resplandecente” (Deus Conosco, agosto, 2015, p.39).
“Ao descerem da montanha Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos”. Jesus os descerá do monte para as tarefas diárias da vida. E os discípulos precisarão compreender que a abertura ao Deus transcendente não pode nunca ser fuga do mundo (cf. Pagola, 2014, Marcos, p.175).
Pe. Brendan Coleman Mc Donald –Redentorista.