Vida Religiosa: entrevista com um Religioso Capuchinho Frei Ribamar - Arquidiocese de Fortaleza
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Vida Religiosa: entrevista com um Religioso Capuchinho Frei Ribamar

Na semana em que lembramos na Igreja a vocação à Vida Religiosa, segue entrevista com um Religioso Capuchinho, Frei Ribamar.
A todos os religiosos e religiosas presentes em nossa Arquidiocese de Fortaleza um abraço fraterno da Pastoral Vocacional, pedindo ao Senhor a Messe e Pastor do Rebanho luzes e bênção para os mais diversos serviços prestados a partir da diversidade dos carismas.
Pe. Rafhael Silva Maciel, Coord. da Pastoral Vocacional.
  • Leia a entrevista.

Frei Ribamar de Capanema, Pará

Nesta semana dedicada à vida consagrada, somos convidados a rezar por esta vocação e a nos aprofundarmos naquilo que ela ela nos oferece como riqueza. ”
A equipe do noticias.cancaonova.com entrevistou Frei Ribamar Gomes, um sacerdote Capuchinho de Capanema, Pará. Ele é responsável por 40 comunidades da zona rural e professor de Teologia da Vida Consagrada no Instituto Regional para a Formação Presbiteral do Regional Norte 2. Para Frei Ribamar, a Vida Consagrada, além de uma vocação, é um algo indispensável na vida e na missão da Igreja. “O consagrado tem a capacidade de fazer-se sinal claro e visível daquela tensão para a radicalidade, o absoluto que está dentro do coração de cada cristão”, afirmou Frei Ribamar

noticias.cancaonova.com – O que uma pessoa que abraça uma consagração é chamada a viver? Isto também serve para os leigos?

Fr. Ribamar: O consagrado é chamado a adiantar-se pela estreita via de santidade. A Vida Consagrada é, como que involuntariamente, isto é, sem ostentação farisaica, um sinal de estímulo e até de adventência para os outros na Igreja e no mundo. Torna-se assim compreenssivo porque, neste sentido, a Constituição Apostólica Lumen Gentium declara o seguinte: “Os que no estado religioso, tendem à santidade por um caminho mais estreito, estimulam os irmãos com seu exemplo”.

Os consagrados não constituem uma Igreja à parte, mas que em comunhão com todos os demais fiéis, formam a única Igreja instituida por Cristo. Cada vocação só sustenta, se desenvolve e se consolida em pleno reconhecimento da identidade e dos valores de todas as outras. Ao consagrar-se, Deus não marca a pessoa que se lhe entrega com um novo caráter, distinto daquele do batismo, porém acolhe de uma maneira especial na aliança.

Os conselhos evangélicos criam as melhores condições para viver a tendência para a Igreja e o mundo. A consagração acrescenta ao batismo uma obrigação maior, renunciar não só ao pecado, mas também ao mundo.O que serve para o Leigo? A vocação à santidade é Universal, para todos, mas o consagrado pelo seu testemunho de vida recorda isso ao leigo; a vida do leigo deve estar voltada também para o bem de toda a Igreja.

O Leigo não é excluido ao chamado à perfeição do amor que vive o consagrado como colocar a disposição de Deus a si próprio. O consagrado tem a capacidade de fazer-se sinal claro e visível daquela tensão para a radicalidade, o absoluto que está dentro do coração de todo o cristão. O que podemos afirmar é que a Igreja conta com todos: Leigos (Christifidelis Laici), ministros ordenados (Pastores Dabo Vobis) e consagrados (Vita Consecrata), para realizar sua missão em nosso tempo.

noticias.cancaonova.com – Quais as diretrizes traçadas pelo Concílio Vaticano II para a vida consagrada? O que mudou a partir deste Concílio?

Fr Ribamar: A grande mudança ou novidade que temos na Vida Consagrada depois do Concílio Vaticano II podemos dizer que está no Sínodo sobre a Vida Consagrada celebrado no ano de 1994, de onde provém a belíssima Exortação Apostólica Pós Sinodal, Vita Consecrata. Nesta exortação encontramos três grandes temas: Consagração, filocalia e profetismo. A Vida Consagrada é apresentada como uma experiência da Beleza de Deus e de Jesus no Tabor, porém, também no calvário: O Jesus da Beleza é o Jesus Crucificado.

O que falta para nós aqui no Brasil, é uma séria, normal e honesta Eclesiologia da Vida Consagrada, fundamentada no Vaticano II. A ausência dessa Eclesiologia gerou entre nós uma má interpretação de alguns documentos do Concílio Vaticano II, principalmente de alguns capítulos da Constituição Dogmática Lumen Gentium.

O capítulo sobre o Povo de Deus, muitas vezes foi interpretado por nós como uma teologia do laicato, e todos que somos normais e honestos sabemos que a Lumen Gentium dedica um capítulo sobre os leigos e depois, Povo de Deus, não é imagem da Igreja, mas expressão de sua essência. Destas más interpretações temos uma teologia de ruptura e não de renovação numa continuidade.

A Teologia de ruptura causa uma repulsa a Sagrada Hierarquia e diminui o nosso amor para com a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.Todos nós devemos lembrar que da nossa fidelidade à Igreja, depende a nossa felicidade e salvação.

noticias.cancaonova.com – Na vida consagrada, sabemos que aqueles que a abraçam, são chamados a seguir mais de perto o Cristo, Casto, Pobre e Obediente. No documento Perfectae Caritatis, de 1965, a Igreja começa a falar de uma maturidade que deve ser alcançada para corresponder bem a esta vocação. Tal maturidade e tal correspondência só pode ser alcançada, a partir de uma configuração profunda com o mistério de Cristo?

Fr. Ribamar: A paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo é acontecimento que funda e inspira o modo de ver e agir dos consagrados. Vivemos esta profunda configuração na participação da Eucaristia, quando comungamos existe uma troca de corpos, eu recebo o Corpo de Cristo e Cristo recebe o meu corpo, não é a Eucaristia que se transforma em mim, sou eu que me transformo na Eucaristia.

O rosto do crucificado de Cristo é o livro onde aprendemos o que é o amor e como Deus e a humanidade devem ser amados, fonte de todos os carismas e sínteses de toda a vocação.

A maturidade adquirida nessa configuração profunda ao mistério da Paixão de Cristo é transparência de que a Cruz é a revelação do coração da Trindade na história.

noticias.cancaonova.com – Qual o sentido da ascese dentro de uma consagração?

Fr. Ribamar: Ascese é uma palavvra que ultimamente vem perdendo muito do seu significado dentro da Vida Consagrada e isso acontece devido ao pouco valor que damos à direção espiritual. Trocamos o nosso Diretor Espiritual pelo psicólogo e a ascese pelas terapias de grupo e etc. Resultado? Consagrados vivendo uma continua “adolescência” tardia.

A ascese é o terreno onde germina e cresce a santidade dentro de nós. A Santidade produz em nós uma crescente humanização. O difícil para o consagrado no seguimento de Cristo, não é deixar os bens materiais, mas renunciar suas próprias vontades: renunciar a si mesmo, tomar a cruz. É isso que entendemos por ascese na vida consagrada.

A consagração não nos dá nenhum posto especial na batalha espiritual. O consagrado estará na frente do campo de batalha.

Fonte: https://noticias.cancaonova.com

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