Leão XIV: com o coração na mão, peço para dialogarmos pela paz

Em audiência com cerca de 5 mil pessoas na Sala Paulo VI, o Pontífice fez um discurso por ocasião do Jubileu das Igrejas Orientais que termina nesta quarta-feira (14/05). Leão XVI alertou para o risco de se perder o patrimônio dos cristãos orientais devido à diáspora “por causa da guerra e perseguições, da instabilidade e da pobreza” e fez mais um apelo pelo silêncio das armas: “os povos querem a paz, e eu, com o coração na mão, digo aos líderes das nações: encontremo-nos, dialoguemos, negociemos

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Andressa Collet – Vatican News

O Papa Leão XIV, há quase uma semana da sua eleição como Sucessor de Pedro, encontrou os 5 mil participantes do Jubileu das Igrejas Orientais na Sala Paulo VI, no Vaticano. A audiência nesta quarta-feira (14/05) marcou o dia de encerramento de mais um jubileu temático, o de número 13 deste Ano Santo da esperança, que desde terça-feira (12/05) reuniu fiéis e representantes das Igrejas Orientais Católicas, patriarcas e metropolitas de mais de 10 países, inclusive do Brasil, presentes na audiência com bandeiras do país. Durante dois dias, os participantes celebraram a Divina Liturgia em diferentes ritos, como aquele etíope, armeno, copto e sírio-oriental. Durante a tarde desta quarta-feira (14/05), os peregrinos concluem o jubileu com aquela em rito bizantino na Basílica de São Pedro.

Fiéis provenientes inclusive do Brasil estiveram presentes na audiência na Sala Paulo VI
Fiéis provenientes inclusive do Brasil estiveram presentes na audiência na Sala Paulo VI   (@VATICAN MEDIA)

E uma das primeiras audiências do Pontificado, Leão XIV acolheu os fiéis orientais com uma saudação que o “Oriente cristão repete incasavelmente neste tempo pascal” de fé e esperança sobre a Ressureição de Jesus – “o fundamento indestrutível”: “Cristo ressuscitou. Ressuscitou verdadeiramente!”. O Papa direcionou o olhar, assim, aos “irmãos e irmãs do Oriente, onde nasceu Jesus”, descrevendo-os como “preciosos” pela diversidade de proveniência, história e sofrimentos. 

O perigo de se perder o patrimônio das Igrejas Orientais

“São Igrejas que devem ser amadas”, citando o Papa Francisco, pelos “tesouros inestimáveis”, pela “vida cristã, sinolidade e liturgia”; com “um papel único e privilegiado”, como escreveu também João Paulo II. Já Leão XIII, recordou ainda o Papa, “foi o primeiro a dedicar um documento específico à dignidade das Igrejas” Orientais pela “legítima diversidade da liturgia e da disciplina orientais”. Na Carta Orientalium Dignitas (30 de novembro de 1894), Leão XIII também demonstrou uma preocupação que ainda é atual, pelo fato de muitos fiéis orientados serem “forçados a fugir dos seus território de origem por causa da guerra e perseguições, da instabilidade e pobreza”, correndo o risco de, “ao chegarem no Ocidente, de perder, além da pátria, também a própria identidade religiosa. E, assim, com o passar das gerações, se perde o inestimável patrimônio das Igrejas Orientais”.

Junto a Leão XIII, o Papa se uniu em um apelo  aos “cristãos — orientais e latinos — que, especialmente no Oriente Médio, perseverem e resistam nas suas terras, mais fortes do que a tentação de abandoná-las. Aos cristãos é preciso dar a oportunidade, não apenas com palavras, de permanecer nas suas terras com todos os direitos necessários para uma existência segura. Peço a vocês que se empenhem para isso!”. Uma preservação dos ritos orientais que deve ser promovida “sobretudo na diáspora”, disse o Pontífice. Um pedido dirigido inclusive ao Dicastério para as Igrejas Orientais: “de me ajudar a definir princípios, normas e diretrizes por meio dos quais os Pastores latinos possam apoiar concretamente os católicos orientais da diáspora a preservar as suas tradições vivas e a enriquecer com a sua singularidade o contexto em que vivem”.

“A Igreja precisa de vocês. Quão grande é a contribuição que o Oriente cristão pode nos dar hoje! Como temos necessidade de recuperar o sentido do mistério, tão vivo nas liturgias de vocês, que envolvem a pessoa humana na sua totalidade, cantam a beleza da salvação e inspiram o estupor pela grandeza divina que abraça a pequenez humana!”

Leão XIV enalteceu sobre a preservação dos ritos orientais que deve ser promovida "sobretudo na diáspora"
Leão XIV enalteceu sobre a preservação dos ritos orientais que deve ser promovida “sobretudo na diáspora”   (@VATICAN MEDIA)

Leão XIV e Santa Sé juntos para promover a paz 

O discurso de Leão XIV, então, se dirigiu fortemente por mais um apelo pela paz: “não tanto aquele do Papa, mas o de Cristo, que repete: ‘a paz esteja convosco'”. Uma paz tão necessária “da Terra Santa à Ucrânia, do Líbano à Síria, do Oriente Médio ao Tigré e ao Cáucaso, quanta violência!”, lamentou o Papa, que também convidou a rezar “por essa paz, que é reconciliação, perdão, coragem para virar a página e recomeçar”. A Igreja, insistiu o Pontífice, “não se cansará de repetir: silenciem as armas”:

“Farei todo o possível para que essa paz se difunda. A Santa Sé está à disposição para que os inimigos se encontrem e se olhem nos olhos, para que os povos redescubram a esperança e a dignidade que merecem, a dignidade da paz. Os povos querem a paz, e eu, com o coração na mão, digo aos líderes das nações: encontremo-nos, dialoguemos, negociemos! A guerra nunca é inevitável, as armas podem e devem silenciar, pois não resolvem os problemas, mas os aumentam; porque entrará para a história quem semeará paz, não quem que criará vítimas; porque os outros não são, antes de tudo, inimigos, mas seres humanos: não vilões a serem odiados, mas pessoas com quem falar.”

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