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O Simpósio sobre pedofilia

Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald - Redentorista

Com a participação de representantes de 110 Conferências Episcopais Nacionais do mundo, aconteceu de 6 a 9 de fevereiro, na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, O Simpósio sobre abusos sexuais por parte de clérigos. O objetivo do Simpósio, nas palavras do Cardeal William Levada, foi “encontrar as melhores maneiras para ajudar as vítimas, proteger os menores e formar os sacerdotes de hoje e de amanhã para que estejam conscientes desta chaga e seja eliminada do sacerdócio”. O Simpósio foi mais uma iniciativa do Santo Padre, Bento XVl, “para que esses abusos sexuais não voltem a acontecer na Igreja”. O Simpósio contou também com a presença de Superiores Maiores, ou seus representantes, de mais de 30 congregações religiosas e cerca de 70 especialistas em Direito Canônico, Psiquiatria, Psicologia e Psicoterapia. Além desses, foram convidados vítimas de abuso sexual por parte de clérigos de várias partes do mundo. É oportuno mencionar aqui as palavras do Cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raimundo Damasceno Assis, que, nesta área, “a CNBB tem se preocupado em discutir e refletir sobre este tema e em buscar caminhos para prevenir, combater e eliminar esses abusos e outros, que não condizem com a vida e a missão do presbítero”. A CNBB, também, por meio da Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-Teológico do Brasil (OSIB) tem realizado encontros de estudo e reflexão para formadores, diretores espirituais e profissionais que acompanham os candidatos nas casas de formação.

O Simpósio terminou no dia 9 de fevereiro, portanto, precisamos esperar até que os resultados do mesmo estejam publicados para saber exatamente as decisões tomadas. Porém, antes do Simpósio, o Cardeal William Levada indicou certos aspectos do problema a serem examinados. Entre os quais podemos citar: o cuidado das vítimas sendo uma prioridade; a necessidade de escutar e falar com as vítimas; a obrigação de oferecer todo o apoio psicológico, religioso e humano às vítimas; um maior escrutínio psicológico e da personalidade dos candidatos ao sacerdócio; o problema das falsas acusações contra padres inocentes; “a colaboração da Igreja com as autoridades civis nestes casos reconhece a verdade fundamental que o abuso sexual contra os menores não é só um crime no direito canônico, mas também um crime que viola as leis penais da maioria dos países”. A Presidência da CNBB fez um pronunciamento oficial, em maio 2010, sobre o problema de abusos sexuais de crianças por clérigos. Naquela ocasião ele disse: “o tratamento do delito deve levar em consideração três atitudes: para o pecado, a conversão, a misericórdia e o perdão; para o delito a aplicação das penalidades (eclesiásticas e civis); para a patologia, o tratamento”.

Pedofilia é um problema de grande complexidade. Há pessoas querendo ligar pedofilia no clero ao celibato e ao homossexualismo. O celibato e o homossexualismo nada têm a ver com pedofilia. Parece-me que a maioria de pedófilos é heterossexual. O abuso acontece, às vezes, no lar com um irmão mais velho, até um pai ou padrasto, ou um tio ou amigo que tem acesso ao lar. Tantos casos assim contados na televisão e nos jornais! Por motivos óbvios esses casos nunca verão a luz do dia. Há os casos de pastores pedófilos de várias igrejas, e esses são homens casados. Em certos países há uma permissividade e até tolerância na área do sexo, frequentemente reforçada pelas redes de televisão, revistas pornográficas, a Internet e às vezes a própria cultura do país. Nestes países é encontrado certa tolerância com a efebofilia (que é abuso sexual de adolescentes pós-puberdade de 14 a 18 anos) devido a formação histórico-cultural e a realidade social daqueles países.

O Papa merece louvores por ter iniciado esse Simpósio na sua luta para erradicar “este câncer” da Igreja. Ele enfrentou duros ataques na mídia nos últimos anos em várias partes do mundo, porém, continuou com sua luta insistindo na necessidade das vítimas de serem ouvidos e apoiados, e da Igreja compreender “a gravidade daquilo que as vítimas sofreram”. A CNBB tem se preocupado bastante com estas questões delicadas e complexas que foram abordados durante o Simpósio “Cura e Renovação”.

Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, redentorista e assessor da CNBB Reg.NE1

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