“Não houve um acidente em Minas Gerais. Houve um crime ambiental e um homicídio coletivo” - Arquidiocese de Fortaleza
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“Não houve um acidente em Minas Gerais. Houve um crime ambiental e um homicídio coletivo”

Riquezas das Minas Gerais, seus minérios e tantas outras maravilhas, que tão “generosamente” foram dadas pelo Criador, transformaram-se segundo o bispo auxiliar de Belo Horizonte, dom Joaqui Giovani Mol, em sua perdição. “Minas vê, gravíssima e rapidamente, seus rios, lagos, afluentes, terras agricultáveis, comunidades e suas culturas sendo dizimadas. São cometidos crimes contra a vida humana, contra o meio ambiente e contra o direito de viver em comunidade e em família”, aponta o bispo.

Em seu artigo “Mineradoras lesam a humanidade”, dom Mol cita a Encíclica do papa Francisco, Laudato Si, que alerta para a necessidade da urgente compreensão de que o Planeta clama contra o mal que lhe é provocado por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nele colocou. “O que foi legado ao homem para que prospere e tenha uma vida plena e a transmita às futuras gerações, a ação irrefreavelmente gananciosa e criminosa das mineradoras destrói em tão pouco tempo”, afirma o bispo.

Dom Mol diz que vive-se diante da débil regulação do setor pelo Legislativo, eivado de acordo com ele de pessoas financiadas por empresas e que são autorizadas pelo Executivo, “imiscuído” em múltiplos interesses nem sempre republicanos e “precariamente” fiscalizadas pelos órgãos que existem para isso. Soma-se a isso, segundo o bispo a um Judiciário “leniente”, “ensimesmado”, “caríssimo”, “insensível”, “pretensioso” e “divorciado” do povo brasileiro. Conforme o bispo foi assim em Mariana, pela Vale/Samarco, até hoje “na justiça” e é assim em Brumadinho, pela Vale. Dom Mol diz que não se pode deixar que assim continue.

Para o bispo não houve um acidente nessas Minas Gerais. Houve de acordo com ele um crime ambiental e um homicídio coletivo. “Uma matança de pessoas, animais e do meio ambiente. Quase mataram também a esperança, a fé, a dignidade e o amor das pessoas que sobraram, agora terrível e indescritivelmente sofridas, mas em processo curativo, em reconstrução, soerguimento, revitalização e retomada de posse de sua brava dignidade”, diz.

Como não há uma empresa mineradora em abstrato, as pessoas que nela atuam, segundo dom Mol têm responsabilidade sobre esta tragédia e devem ser rigorosamente punidas, para que, juntamente com a mineradora, não caiam em desgraça também os que exercem os poderes acima citados e já tão pouco acreditados. “Conscientemente, as mineradoras optam, por serem mais baratos, por modelos de exploração de minério de ferro e de outros metais mais danosos ao meio ambiente e à vida humana. O lucro exorbitante, quase ilimitado, com pouco retorno à sociedade por meio do poder público, é o único critério e preside, inconsequentemente, as decisões em relação aos modelos de exploração dos recursos naturais”, afirma o bispo.

Ainda de acordo com ele, por causa dessa sede “insaciável” e “enlouquecida” por riquezas cada vez maiores, concentradas sempre mais nas mãos de pouquíssimas pessoas, empresas mantêm trabalhadores na pobreza a vida inteira e expostos à morte. “A mineração em nosso País se tornou eticamente insustentável, calamitosa e de altíssimo risco para a vida humana e toda a vida existente em suas áreas de atuação”, diz.

Dom Mol salienta que a dimensão cruel e potência danosa da reincidência desses crimes apontam que apenas o fato de não se tratarem de um contexto de conflito armado é que os distingue de serem entendidos como crimes de lesa-humanidade: “As práticas de seus infratores, afinal, se mostram sistemáticas, resultam da clareza dos riscos e danos de suas ações em covardes atos desumanos e contra a população civil. Por isso mesmo, urge que as pessoas, organizações e instituições que valorizam a vida humana, que querem defender a natureza dessa progressiva e suicida destruição, se insurjam contra esse modelo de negócio que enriquece tão poucos, destruindo a vida de tantos.  Do modo que se realiza, esta economia mata, repito o Papa Francisco, o maior líder humanitário do mundo atual”.

É inadmissível, segundo ele, a persistência desse modelo econômico de enriquecimento pela destruição. “É impossível continuarmos aceitando que a natureza, obra-prima de Deus, seja sistematicamente destruída. E que milhares de trabalhadores, idosos e crianças, mulheres e jovens, prevalentemente os mais pobres e humildes, sejam diariamente expostos ao risco de morrer em função de uma ganância deplorável”, aponta dom Mol.

“Precisamos, talvez como nunca antes, como nos convoca o Papa Francisco, cujo nome tem inspiração em São Francisco de Assis, “exemplo por excelência pelo cuidado com o que é frágil e a ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade” (Laudato si), de um debate que una a todos, porque o desafio ambiental diz respeito e tem impacto sobre todos nós”, finaliza o bispo.

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