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Humanizar a face da terra

Humanizar a face da terra, que seja uma palavra de ordem ou desafio imprescindível, para cada criatura humana, com toda a sua história de vida e parcela do próprio trabalho, como realização, no convite do Criador e Pai. Aqui em Fortaleza, voltando-me para o nosso bairro Parquelândia, com Santo Afonso Maria de Ligório, no contexto redentor, proclamado por Jesus de Nazaré, que jamais deixou de falar do que vimos e ouvimos (cf. At 4, 20). É justo, digno e necessário elevar a alma com todo o seu ser, proclamando as incontáveis maravilhas, realização auspiciosa e prodigiosa dos feitos do Senhor.

Contemplar, sim, pois o amor desceu de Deus, dom e graça inesgotável para a humanidade, na esperança expectante, a da elevação do homem para Deus, do mesmo Deus, que na sua condição pelo amor interminável e duradouro, além de ser excessivamente indulgente, pleno e feliz em si mesmo, não necessita do amor da criatura humana, todavia quer sua participação, amando-a; quer sua colaboração, cooptado e concebido como mistério de amor. Mesmo na decepção por causa de limites que a torna inferior, no peso da responsabilidade demasiada, no cansaço, em consequência da abrangência dos serviços, mas, também, na alegria de galgar profissões e funções, de ganhar salários muito além do razoável.

No amor soberano de Deus, todos, ao provarem e degustarem de sua permanente generosidade – na sua existência e condição de criatura –, recebem atribuição de participar de sua vida e de sua glória. É não hesitar, mesmo no embate da “loucura” humana pela busca dos bens materiais, no que assertivou Pe. Eduardo Moesch: “Quando as coisas materiais não são um fim em si mesmas, mas estão a serviço do nosso bem-estar e do bem-estar do próximo, então são ‘bens materiais. Quando transformamos o dinheiro e as coisas materiais no objetivo mais importante da vida, e apenas para proveito individual, sem interesse pelos outros, então se tornam ‘males’ materiais. Ser rico apenas para si é uma perdição: muito mais importante é ser rico para Deus” (cf. Lc 12, 21).

A parábola do tesouro escondido no campo, no seu sentido preciosamente didático (cf. Lc 12, 16-21), vai em direção contrária à realização meramente humana, com sua concretude nos bens efêmeros, ilusórios e fugazes, com seu dinheiro acumulado, se fechando à fraternidade solidária dos filhos de Deus, com “pão em todas as mesas” (18º CEN). Solidariedade, sim, mas a partir de uma força consistente, num olhar de mentalidade e abertura, além de transigente e tolerante, que seja manifestação de uma evangélica, pródiga e afável generosidade. Assim seja!

*Padre Geovane Saraiva – Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

Foto: Vatican News

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