
Pe. Bakker num prefácio ao seu artigo escreve: “Desde o início do segundo milênio, nossa Igreja sempre se apresentou como uma instituição sólida, hierarquicamente bem estruturada, com limites geográficos bem definidos, com um governo central de poderes amplos e incontestáveis, com doutrinas e normas universais rígidas. A modernidade e a chamada “pós-modernidade” arranharam esse modelo por todos os lados. Procurando pistas para situar-se diante desse contexto, é importante valorizar o legado do Vaticano ll”. Bakker afirma: “…as instituições tradicionais e os padrões comuns de comportamento perderam sua capacidade de pautar as rotinas individuais, pois tudo ‘se dissolve’ no grande ‘ viveiro de incertezas’ que marca nossa modernidade avançada”. Por isso ele pergunta da eclesiologia “sólida” para a eclesiologia “líquida” que Igreja queremos? Até recentemente a Igreja foi marcada por uma única eclesiologia. Sua verdade é única, sua lei e sua conduta impecáveis. Uma Igreja mais “sólida” é difícil imaginar. Agora este modelo está sendo arranhado pela Razão humana. Segundo Bakker nos tempos recentes os teólogos da Igreja estão partindo cada vez mais não da autoridade doutrinal eclesiástica, mas “da própria racionalidade científica”. No fim de um eloquente parágrafo sobre oVaticano ll o autor afirma: “Na modernidade a Igreja da ‘Tradição’ cede lugar à Igreja da ‘opção’, e as opções eclesiológicas, hoje, são muitas”. Um verdadeiro supermercado. As CEBS recebem uma análise muito especial no artigo, e o autor nos lembra com referência ao Doc. 25 da CNBB que “nenhuma CEB é Igreja quando isolada das demais. A Igreja é “comunhão na sua essência… mas apenas a diocese é comunidade de comunidades”. Bakker sugere em lugar de CEBs locais que é possível pensar em CEBs “regionais”. As seguintes duas frases do artigo me impressionam e nos obrigam a pensar e refletir: a) “É simplesmente inviável setorizar as paróquias e criar ampla redes de comunidades dentro dela sem nova abordagem teológica e pastoral do ministério ordenado”. b) A “nova paróquia” que a CNBB propõe exige dos atuais padres que se transformem em super-homens. Uma ilusão. Muito mais realista – além de mais evangélico – é retomar a tradição original e entregar a “direção” das comunidades, ainda que seja de forma temporária, às mãos de homens e mulheres “de boa reputação e repletos do Espírito e de sabedoria”. O artigo termina com um parágrafo titulado “Apostemos no papa Francisco”. O autor lembra que na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o papa quer governar de acordo com o princípio conciliar da colegialidade inclusive dando mais autonomia às Conferências Episcopais. Com o papa Francisco há esperança para o futuro.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald – Redentorista