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[Artigo] Missionários da Misericórdia (2)

Algumas questões práticas desse ministério especial no Ano Santo da Misericórdia

Quais os serviços dos Sacerdotes Missionários da Misericórdia.padre-rafael

O Papa Francisco, com todo seu amor e ardor missionário instituiu para o Ano Santo da Misericórdia o ofício dos Missionários da Misericórdia. Para ajudar os fieis a entenderem melhor o que farão estes Missionários da Misericórdia, passamos agora a oferecer algumas explicações, a partir do que propõe o próprio Papa na Bula “Misericordiae Vultus”, n. 18:

+ Quem são os Missionários da Misericórdia?

“Na Quaresma deste Ano Santo, é minha intenção enviar os Missionários da Misericórdia. (…) Serão sacerdotes a quem darei autoridade de perdoar mesmo os pecados reservados à Sé Apostólica, para que se torne evidente a amplitude do seu mandato.

Na Igreja, quem são os sacerdotes com poder de perdoar pecados? Os Bispos e os Presbíteros (Padres), com pleno Uso de Ordem em suas Dioceses. Desta forma, todos os Sacerdotes são dispensadores da Misericórdia Divina. Mas, no caso dos Missionários da Misericórdia, são alguns Bispos Eméritos e Padres que se colocaram à disposição deste ofício no Ano Santo e serão instituídos para tal pelo Papa Francisco.

+ O que o Papa deseja destes Missionários da Misericórdia?

 “(…) Serão um sinal da solicitude materna da Igreja pelo povo de Deus, para que entre em profundidade na riqueza deste mistério tão fundamental para a fé. (…) Serão sobretudo sinal vivo de como o Pai acolhe a todos aqueles que andam à procura do seu perdão. Serão missionários da misericórdia, porque se farão, junto de todos, artífices dum encontro cheio de humanidade, fonte de libertação, rico de responsabilidade para superar os obstáculos e retomar a vida nova do Batismo.

Deste modo, os Missionários da Misericórdia, deverão ser arautos do perdão de Deus e ajudar as pessoas a quererem fazer a experiência do perdão e da reconciliação, fazendo a experiência da vida nova do Batismo, como dizia o Papa nas palavras acima. Serão pregadores convincentes da Misericórdia.

+ Quais características o Papa espera encontrar nos Missionários da Misericórdia?

“Na verdade todos, sem excluir ninguém, estão chamados a acolher o apelo à misericórdia. Os missionários vivam esta chamada, sabendo que podem fixar o olhar em Jesus, ‘Sumo Sacerdote misericordioso e fiel’ (Hb 2, 17)”.

Ou seja, o Papa espera sacerdotes de coração aberto, acolhedores, alegres em seu ministério e que ao mesmo tempo vivam também eles o encontro com a misericórdia divina confessando-se e fazendo penitência pelo pecado. Espera sacerdotes que tragam consigo o dom das lágrimas, que compadecidos dos que os procurarem chorem suas dores e enxugue suas lágrimas, sendo assim, “antes de tudo, pregadores convincentes da misericórdia”(MV, n.18).

+ Quais as ações possíveis na realização do ministério destes Missionários da Misericórdia?

– Pregar sobre a Misericórdia: “(…) que sejam, antes de tudo, pregadores convincentes da misericórdia”;

– Participar ou organizar Missões Populares: “(…) ‘missões populares’, de modo que estes Missionários sejam anunciadores da alegria do perdão”;

Celebrar o Sacramento da Reconciliação: “(…) celebrem o sacramento da Reconciliação para o povo, para que o tempo de graça, concedido neste Ano Jubilar, permita a tantos filhos afastados encontrar de novo o caminho para a casa paterna”.

+ O Papa fala que estes Missionários poderão perdoar pecados reservados à Santa Sé. Quais são esses pecados?

Quando se fala sobre perdoar pecados que são reservados para a Santa Sé está-se dizendo com a terminologia em uso no Código de 1917 sobre determinados pecados que envolvem a pena de excomunhão automática cuja remissão da excomunhão é reservada à Sé Apostólica, precisando esses pecados ser submetidos ao julgamento da Penitenciaria Apostólica para que haja a absolvição.

Quando o Santo Padre faz o aceno de autorizar estes Missionários da Misericórdia a perdoar esses “pecados reservados”, o Papa está querendo deixar evidente a amplitude do seu mandato (MV, n.18), e deixar abertas todas as possiblidades de que a misericórdia de Deus alcance todas aas pessoas que estejam arrependidas e queriam trilhar um caminho de conversão e mudança de vida, de acordo com o Evangelho.

O próprio Papa, na sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, n. 03, diz o seguinte: “Como nos faz bem voltar para Ele, quando nos perdemos! Insisto uma vez mais: Deus nunca Se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia”. Assim, os Missionários da Misericórdia trarão consigo uma imensa, mas feliz missão, de serem portadores da Misericórdia e a julgarem com o Coração de Jesus os casos que lhes forem apresentados pelos penitentes.

+ Mas, no Ano da Misericórdia, só os Missionários da Misericórdia poderão perdoar os pecados?

Claro que não. E nem daria, devido o grande número de fieis que buscam o Sacramento da Reconciliação. Todos os sacerdotes devem se entender, porque de fato o são, como Ministros da Misericórdia de Deus. Prova tal que o Papa Francisco deu a todos os sacerdotes a faculdade de perdoar o pecado do aborto, que é reservado ao Bispo. Assim se expressa o Papa, em Carta dirigida a Dom Rino Fisichella:

“Também por este motivo, não obstante qualquer disposição em contrário, decidi conceder a todos os sacerdotes para o Ano Jubilar a faculdade de absolver do pecado de aborto quantos o cometeram e, arrependidos de coração, pedirem que lhes seja perdoado. Os sacerdotes se preparem para esta grande tarefa sabendo conjugar palavras de acolhimento genuíno com uma reflexão que ajude a compreender o pecado cometido, e indicar um percurso de conversão autêntica para conseguir entender o verdadeiro e generoso perdão do Pai, que tudo renova com a sua presença”.

Mas, leia-se atentamente, que o Papa diz: “ajude a compreender o pecado cometido, e indicar um percurso de conversão autêntica para conseguir entender o verdadeiro e generoso perdão do Pai, que tudo renova com a sua presença”. Isso significa que o Papa não está dizendo que é lícito abortar, mas que é preciso deixar de lado essa prática horrível, que atenta contra a vida humana. Igualmente, o Pontífice está dizendo que é possível o perdão à pessoa arrependida.

Esse ministério dos Missionários da Misericórdia será, sem dúvida, um grande sinal do Amor de Deus em meio ao seu povo, uma vez que haverá mais alegria no céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão” (Lc 15,7). Aos fieis resta pedir as orações para que esses sacerdotes vivam com verdade e ardor o mandato que lhes é concedido.

 

Pe. Rafhael Silva Maciel

Padre da Arquidiocese de Fortaleza

Missionário da Misericórdia

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