Leão XIV na Audiência Geral: mesmo falhando, para Deus, seremos filhos sempre amados

Na catequese desta quarta-feira (13/08), de calor forte em Roma e com a Audiência Geral sendo dividida entre fiéis reunidos entre Sala Paulo VI, Piazza Petriano e Basílica de São Pedro, o Papa refletiu sobre a revelação da traição de Judas, feita não para condenar, mas para ensinar que o amor, quando sincero, não pode ocultar a verdade. A esperança é esta, disse o Papa: “saber que, ainda que possamos falhar, Deus nunca falha. Mesmo que possamos trair, Ele nunca deixa de nos amar”.

Andressa Collet – Vatican News

Com temperaturas durante a semana que estão superando os 30 graus em Roma, a Audiência Geral desta quarta-feira (13/08) foi transferida da Praça São Pedro para a Sala Paulo VI, no Vaticano, com capacidade para cerca de 6 mil pessoas. Devido ao grande número de fiéis, eles também foram divididos entre a Basílica de São Pedro e a Praça Petriano, que dá entrada à Sala Paulo VI, e onde o Papa Leão XIV fez uma primeira saudação multilíngue – inclusive em português – aos peregrinos reunidos, de onde também acompanharam a catequese por telões: 

Buongiorno a tutti! Bom dia! Buenos días!”

Antes e após a Audiência Geral na Sala Paulo VI, o Papa saudou os fiéis que seguiam a catequese por telões na Piazza Petriano
Antes e após a Audiência Geral na Sala Paulo VI, o Papa saudou os fiéis que seguiam a catequese por telões na Piazza Petriano   (@Vatican Media)

Em seguida, antes de iniciar a Audiência Geral na Sala Paulo VI, o Pontífice voltou a saudar em várias línguas – inglês, espanhol e italiano – os milhares de fiéis, agradecendo pela paciência e pela decisão de mudar de local para se proteger do sol:

“Buongiorno! Good morning everyone! Buenos días! Nesta manhã, teremos a audiência em vários locais, em momentos diferentes para ficarmos um pouco longe do sol e do calor extremo. Agradecemos a paciência de vocês e agradecemos a Deus pelo maravilhoso dom da vida, do bom tempo e de todas as suas bênçãos [em inglês]. Vamos realizar a audiência desta manhã em dois momentos, porque tem pessoas aqui ao lado, pessoas na basílica e também na praça. Sejam todos bem-vindos. E, aos poucos, vamos cumprimentando todos os grupos, na medida do possível. [em espanhol]. Hoje celebramos esta audiência nestes momentos diferentes, um pouco para nos protegermos do sol, do calor extremo. Obrigado por terem vindo. Sejam todos bem-vindos [em italiano].”

Os fiéis reunidos na entrada da Sala Paulo VI
Os fiéis reunidos na entrada da Sala Paulo VI   (@Vatican Media)

Deus nunca deixa de nos amar

Em seguida, o Papa Leão XIV deu sequência ao novo ciclo de catequeses iniciado na semana passada sobre o mistério pascal e “seguindo os passos de Jesus nos últimos dias de sua vida”, em particular, sobre a “cena íntima, dramática, mas também profundamente verdadeira” do momento em que, durante a ceia pascal, Jesus revelou que um dos Doze estava prestes a traí-lo. Mas ele não o fez para condenar ou humilhar, comentou o Pontífice, porque não apontou o culpado e nem sequer disse o nome de Judas: mas o fez para “salvar”, ensinando que o amor, quando é sincero, não pode ocultar a verdade. “O Evangelho não nos ensina a negar o mal, mas a reconhecê-lo como uma oportunidade dolorosa para renascer”, continuou Leão XIV.

Leão XIV deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o mistério pascal
Leão XIV deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o mistério pascal (@Vatican Media)

A reação dos discípulos não foi de raiva, mas de tristeza, “de uma dor silenciosa, feita de perguntas, de suspeitas, de vulnerabilidade. É uma dor que também nós conhecemos bem, quando a sombra da traição se insinua nos relacionamentos mais queridos”. E na possibilidade real de serem envolvidos, todos começaram a se interrogar se “acaso serei eu?”, reconhecendo a fragilidade do seu próprio amor.

“Caros amigos, esta pergunta — “Acaso serei eu?” — está talvez entre as mais sinceras que podemos fazer a nós mesmos. Não é a pergunta do inocente, mas do discípulo que se descobre frágil. Não é o grito do culpado, mas o sussurro de quem, mesmo querendo amar, sabe que pode ferir. É nessa consciência que começa o caminho da salvação.”

Deus, refletiu o Papa, “quando vê o mal, não se vinga, mas se entristece”. As duras palavras de Jesus “Melhor seria que nunca tivesse nascido!”, referindo-se ao traidor, não são uma maldição ou condenação, mas um grito de dor. Com efeito, se renegamos o Amor que nos gerou, “perdemos o sentido da nossa vinda ao mundo e nos autoexcluímos da salvação”. Jesus não se escandaliza diante da nossa fragilidade e continua a confiar, ponderou Leão XIV, “Ele sabe bem que nenhuma amizade está imune ao risco da traição”, tanto que sentou à mesa com os seus: “esta é a força silenciosa de Deus: não abandona nunca a mesa do amor, nem mesmo quando sabe que será deixado sozinho”.

“No fundo, esta é a esperança: saber que, ainda que possamos falhar, Deus nunca falha. Mesmo que possamos trair, Ele nunca deixa de nos amar. E se nos deixarmos alcançar por esse amor — humilde, ferido, mas sempre fiel — então podemos verdadeiramente renascer. E começar a viver não mais como traidores, mas como filhos sempre amados.”

Leão XIV também saudou os peregrinos presentes na Basílica de São Pedro
Leão XIV também saudou os peregrinos presentes na Basílica de São Pedro   (@Vatican Media)

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