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Na Solenidade do Batismo do Senhor, ficamos diante da apropriação de sua missão salvífica. É pertinente o convite da Liturgia da Igreja, o de glorificar a Deus, no indulgente cenário em que faz o povo de Deus estar voltado e inspirado a perseguir um mundo muito além do por nós vivido. No amor do Pai e no do Espírito Santo, vemos garantida a revelação de sua identidade de Filho de Deus, manifestando-a ao mundo. O amor de Deus por nós é de tal modo envolvente que enche todo o nosso ser, indicando-nos como caminho da vida futura e definitiva, tendo por sua base, ou fundamento, o referido amor, o mandamento maior.
Jesus não precisava ser batizado e não portava no seu interior nenhum pecado, mas carregou consigo os pecados da humanidade, na perfeita realização da vontade do Pai. É o esplendor messiânico, proclamado como verdade pelo profeta Isaías, ao afirmar: “Eis o meu servo, nele se compraz minha alma” (cf. Is. 42), mostrando aqui claramente nossa missão, decorrente do batismo. Para que sejamos pessoas marcadas pela graça de Deus, no anúncio e no testemunho, com a tarefa de mudar a realidade de pecado e injustiça, significa fermentá-la e transformá-la em uma nova lógica e uma nova civilização, nos sinais de esperança e solidariedade, provado no mundo, através da vivência de nossa fé.
Os cristãos do nosso tempo são chamados a uma consciência sempre maior, de que o batismo é o início de uma nova vida, de um novo nascimento ou banho restaurador, entendido como seguimento ou adesão a Jesus de Nazaré. Recordamos o dia especial, em que Jesus foi batizado nas águas santificadas do Rio Jordão, ao admirar a resposta no humilde gesto de Jesus, colocando-se em igualdade com pescadores, na missão confiada pelo Pai, concreta no amor solidário para com a humanidade. Cabe a nós, em condição indispensável, fazer frutificar a graça desse mesmo batismo, deixando-nos guiar pelo Espírito de Deus, na busca de Sua vontade.
É Deus mesmo a envolver a criatura humana no irrefutável mistério de amor, que, pelo batismo, inicia-se aqui e agora, à medida que o ser humano se configura com Jesus de Nazaré e, com Ele, de modo determinado, experimenta sua graça no esforço de ser nova criatura, no Filho amado do Pai, associado ao cumprimento da vontade de Deus para com a humanidade. Assim seja!
*Padre Geovane Saraiva, Pároco de Santo Afonso, da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza.