A nomeação de dois novos bispos auxiliares para a Arquidiocese de Fortaleza traz consigo não apenas novos nomes ao episcopado, mas também símbolos que expressam, em linguagem visual, a espiritualidade e o caminho pastoral de cada um. Os brasões episcopais de monsenhor Antônio Carlos do Nascimento e monsenhor Jânison de Sá Santos, agora apresentados, sintetizam em cores, imagens e lemas aquilo que ambos assumem como eixo de seu ministério a serviço da Igreja.

Na tradição da Igreja Católica, o brasão episcopal não é um ornamento meramente estético. Trata-se de um verdadeiro “programa pastoral”, no qual cada elemento heráldico, como cores, figuras e inscrições, comunica aspectos da fé, da missão e da história vocacional do bispo. Unidos à cruz, ao galero e ao lema, esses símbolos expressam publicamente a forma como o pastor compreende o serviço episcopal que lhe é confiado.
Nomeados pelo Papa Leão XIV, acolhendo solicitação do arcebispo metropolitano, dom Gregório Paixão, OSB, os dois novos bispos auxiliares ainda são tratados pelo título de monsenhores até suas ordenações episcopais. Mons. Antônio Carlos do Nascimento será ordenado bispo no dia 2 de fevereiro, em Fortaleza (CE). Já Mons. Jânison de Sá Santos receberá a ordenação episcopal no dia 6 de fevereiro, em Propriá (SE). Até lá, seus brasões já oferecem à Arquidiocese de Fortaleza um primeiro anúncio do modo como desejam servir ao povo de Deus.
Dom Antônio Carlos do Nascimento: “Segundo a tua Palavra”
O brasão episcopal de dom Antônio Carlos do Nascimento apresenta um escudo pleno de azul, cor tradicionalmente associada à Virgem Maria, evocando confiança, fidelidade e abandono à vontade de Deus. Desde o primeiro olhar, o conjunto revela um episcopado marcado pela docilidade à Palavra e pela espiritualidade mariana, que sustenta o lema escolhido: Secundum verbum tuum : “Segundo a tua Palavra” (Lc 1,38).

No chefe do escudo destaca-se uma vieira aberta, pequena concha, de prata, carregada com uma pérola do mesmo metal. A vieira, símbolo antigo da peregrinação espiritual, é também imagem mariana: a “concha” que acolhe a Pérola Divina. A pérola representa Cristo, o Verbo Encarnado, tesouro precioso entregue ao mundo para a salvação. Juntas, vieira e pérola unem os mistérios cristológico e mariano, expressando a resposta obediente de Maria e inspirando a atitude fundamental do novo bispo: fazer de sua vida inteira disponibilidade à vontade do Pai.
Na parte inferior do escudo, uma campana ondada de prata e azul simboliza o mar da existência humana e o mundo onde a Igreja é chamada a evangelizar. Sobre essas águas navega uma barca, com velas de prata, lançando redes ao mar. A imagem remete à canção “A Barca”, profundamente ligada à história vocacional de Mons. Antônio Carlos, e traduz o chamado de Cristo a lançar as redes em águas mais profundas.
A barca é também símbolo da Igreja, que navega pelos mares do tempo sustentada pelo Espírito Santo, enfrentando desafios e tempestades, mas firmada na promessa do Senhor. Nesse contexto, o episcopado aparece como missão de conduzir, guardar a unidade e animar a esperança do povo de Deus. O conjunto é encimado pelo galero verde com doze borlas e apoiado sobre a cruz hastil de ouro, reafirmando a comunhão com o ministério apostólico e a centralidade da cruz na vida pastoral.
Dom Jânison de Sá Santos: “Estou no meio de vós como aquele que serve”
O brasão episcopal de dom Jânison de Sá Santos é inteiramente organizado a partir de seu lema: Sicut qui ministrat: “Estou no meios de vós como aquele que serve”. A inspiração é claramente evangélica e remete ao gesto de Jesus no Cenáculo, quando se cinge com a toalha e lava os pés dos discípulos. Todo o conjunto heráldico aponta para um ministério configurado a Cristo Servo, que ensina que a autoridade cristã se exerce na humildade, na entrega e no dom de si.

No centro simbólico do escudo está a cruz, apresentada como o grande eixo que sustenta e unifica todos os demais elementos. Ela indica que todo serviço cristão brota do mistério pascal e que servir é participar da oblação de Cristo, seguindo o caminho do amor levado até o fim. À sua frente aparecem a bacia e a jarra do lava-pés, tradução visual direta do lema episcopal, expressando proximidade, misericórdia e cuidado com o povo.
Na base do escudo encontra-se o livro aberto com o Alfa e o Ômega, sinal da centralidade da Palavra de Deus como princípio e fim de toda a vida cristã e de toda ação evangelizadora. É a Palavra que precede, ilumina e sustenta o caminho da fé e da iniciação à vida cristã. Ao lado, o ramo de trigo remete à Eucaristia, fonte e cume do serviço cristão, enquanto o ramo de oliveira recorda o óleo dos sacramentos, símbolo de cuidado, cura, consolação e envio missionário.
No campo vermelho do escudo aparece a pomba do Espírito Santo, com asas abertas, indicando que é o Espírito quem guia e inspira a Igreja, fortalece o discípulo missionário e transforma o serviço humano em obra de Deus. Sob o galero verde, próprio da insígnia episcopal, o conjunto expressa uma clara opção pastoral: servir à Igreja sustentado pela Palavra, pela Eucaristia e pela ação do Espírito Santo.
Assim, os brasões dos dois novos bispos auxiliares da Arquidiocese de Fortaleza não apenas identificam seus titulares, mas anunciam, desde já, o modo como desejam viver o ministério episcopal: um serviço marcado pela Palavra, pela humildade, pela missão e pela entrega confiante à vontade de Deus.