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Catequese Quaresma (I)

Iniciamos a Quaresma e mais uma vez o Senhor nos concede esse tempo de graça e de conversão; tempo favorável para pensarmos naquilo que devemos mudar e ao mesmo tempo de crescermos na amizade com Jesus. O Santo Padre, na sua Mensagem para a Quaresma 2018 encaminha nossos corações nessa direção ao dizer que (…) todos os anos (…) Deus na sua providência oferece-nos a Quaresma, ‘sinal sacramental da nossa conversão’, que anuncia e torna possível voltar ao Senhor de todo o coração e com toda a nossa vida”.

Por isso, quero lhe convidar para refletirmos juntos, nesses 40 dias, com temas que poderão nos ajudar a crescer na intimidade com o Senhor. Nessa primeira meditação tomemos o texto bíblico Jo 15,15b: “Eu vos tenho chamado de amigos, pois tudo o que ouvi de meu Pai eu tenho partilhado convosco”.

O Senhor nos chama de amigos, mas para tomarmos consciência da nossa amizade com Ele necessitamos da virtude da humildade. Uma boa Quaresma deve nos levar a sermos mais humildes. Como? Em primeiro lugar procurando descobrir quem sou diante de Deus; mas, também quem sou e como devo ser diante das pessoas, e procurar aprender com elas. Para isso é preciso se deixar formar, na humildade do Coração de Jesus. Para crescermos na humildade precisaremos ter cuidado com o pecado de orgulho e combatê-lo com todas as forças.

Um Amigo que partilha “os segredos do se Pai” (Mt 11,25) aos seus escolhidos espera que esses amadureçam noutra virtude: a Confiança. Confiar significa saber quem nos leva, quem nos guia; por isso, ao final da Quaresma deveremos ser homens que cofiam em Deus: diante de tudo o que vivo, na abundância e na miséria, eu confio em Deus; e confio por entender que Deus sabe do que eu preciso, que Ele conduz a minha vida (Mt 6,8). Verdadeiramente confiamos n’Ele? Um pecado que fere ao Coração de Jesus é que os que Ele escolheu não confiem na sua Graça.

No caminho quaresmal recordaremos os sofrimentos pelos quais o Senhor passou para nos salvar, e renovaremos a certeza de que Ele é Amor e Misericórdia. Por isso, nas diversas atividades que realizamos no nosso quotidiano lembremos de imitar a caridade pastoral que nasce do Amor do Coração de Jesus. Essa caridade pastoral é aprendida na oração, não vem de métodos e dinâmicas pastorais. Caridade pastoral, como a de Jesus é se fazer um com todos: “Para que todos sejam um” (Jo 17,21).

Queridos amigos, esse caminho de maturidade na amizade com Jesus, na humildade, confiança e caridade pastoral, exigirá a purificação da inteligência e da vontade, para que sejamos capazes de ver o todo, sem quebras, sem contradições e antagonismos. Um exercício necessário é a procura sincera e corajosa para vencer os vícios que por algum motivo trazemos conosco, já que enfraquecem a vontade. E para esse fim, os exercícios espirituais quaresmais, vividos a partir da graça de Deus nos ajudarão: jejum, sacrifício, oração, esmola, disciplina.

As práticas penitenciais devem fazer com que sejamos amigos sinceros do Senhor. O jejum, a esmola e a oração levar-nos-ão a sermos mais parecidos com o Amigo, na pobreza, na obediência e na castidade, ou seja, sem acúmulo de bens e na santa observância (para que com a ajuda de outros possamos vencer situações diversas) e na doação da vida por Aquele a quem nos entregamos, por inteiro. Alguns obstáculos podem surgir nesse caminho de crescimento da amizade divina e com as quais vez por outra nos deparamos. Vejamos:

 (I) A distração e possível afastamento na oração; e será necessário não dar muita atenção para isso e ocupar a mente com pensamentos bons, ir deixando que a Palavra vá exorcizando os pensamentos avessos na oração; (II). Os nossos pecados viciosos (“de estimação”) – quando vez por outra incorremos neles ficamos frustrados conosco mesmos, e esse sentimento pode ser usado pelo demônio, que quer destruir a presença de Deus nas nossas vidas; (III). Falta de perseverança naquelas práticas religiosas e de caridade, que também podem nos fazer esmorecer na vida de fé; (IV). Confusões irracionais entre Deus e a Igreja(autoridades) que pode nos fazer transferir para Deus a culpa dos outros. Muito cuidado, nisso tudo o inimigo é astuto (1 Pd 5,8).

Queridos amigos, se formos perseverantes no caminho de crescimento da nossa amizade com o Senhor muitos frutos serão colhidos, perceberemos que estamos sempre em renovação, em conversão, na vivência da caridade, daquele amor afetivo e efetivo. Depois, nossa amizade com o Senhor nos lançará a viver amizades fraternas e sadias com as demais pessoas; viveremos com alegria a caridade pastoral, porque estamos servindo a Deus. Tenderemos a aumentar nosso amor pela Palavra, aproximando-a da nossa vida; aumentará também o amor pela Eucaristia, à Virgem Maria, à Igreja, à humanidade, no cuidado para com todos.

Iniciamos nosso percurso quaresmal, para crescermos e amadurecermos na nossa amizade com o Senhor e podermos celebrar com alegria e verdade de coração a Páscoa! Empreendamos “com ardor o caminho da Quaresma(…). Se por vezes parece apagar-se em muitos corações o amor, este não se apaga no coração de Deus! Ele sempre nos dá novas ocasiões, para podermos recomeçar a amar” (Papa Francisco, Mensagem para Quaresma 2018).

Pe. Rafhael Silva Maciel
Roma, 14 de fevereiro de 2018
Quarta-feira de Cinzas

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